quarta-feira, abril 23, 2014

Literatura e cinema I: Saramago e Ficção Científica

Robert McKee, no seu livro “Story – Substance, Structure, Style, and the principles of screenwriting”, diz-nos que apesar das dificuldades em definir uma lista consensual  entre os académicos e um conjunto de elementos específicos para definir os géneros e um sistema universal, o público consumidor já se especializou em géneros cinematográficos e entra na sala de cinema com um conjunto de suposições com base no visionamento de muitos filmes. Parece-me que o mesmo se pode dizer da indústria literária.
A Ficção Científica é ainda vista por muitos como matéria para teenagers e adultos masculinos infantilizados. Isso é redutor. Obviamente que este género, como todos os géneros, tem bons e maus exemplos. Parece-me a mim que a FC tem um enorme potencial narrativo e especulativo e está em franco crescimento.
No texto “José Saramago e a Ficção Científica em Portugal” de Ermelinda Ferreira (2012. Pág. 125), incluído no livro “Cibercultura e Ficção” (com organização de  Jorge Martins Rosa), a autora cita Robert Silverberg: 

“(...) em sua coluna «Reflections» da revista americana Asimov’s Science Fiction, publicou em 2001 o artigo «Causa e Efeito» no qual diz: «Acabei há pouco tempo de ler um romance espantoso de FC escrito por alguém cujo trabalho é provavelmente desconhecido para a maioria de vocês: o português José Saramago. O romance intitula-se Ensaio sobre a Cegueira e é um exemplar assombroso da ficção científica social de Asimov: um exame das consequências sociais de um único desvio aterrador da nossa realidade.»” 

Na revista Bang! nº 0 (Novembro de 2005) José Candeias, no seu texto “Saramago: O Nobel da Ficção Científica”, diz-nos que Saramago tem somente um livro que pode ser incluído no género FC, o “Ensaio sobre a cegueira”. O autor afirma que o livro de Saramago é um livro de Ficção Científica devido à forma realista e verosímil da sua escrita e a sua coerência “quer com a premissa inicial, quer com a realidade das coisas tal como as conhecemos.” A revista Bang (Fantástico, FC e Horror) é de distribuição gratuita e os seus vários números (Portugal e Brasil) podem ser acedidos no site oficial http://revistabang.com 
Para mim, que sou consumidor assíduo de FC e Fantástico (Literatura, Cinema/ Animação e BD) é muito interessante perceber que este magnífico livro (e filme) é considerado um bom exemplo deste género (FC).

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